O que é feminismo? O que é ser feminista? Por que você é feminista? Essas foram algumas das muitas perguntas que começaram a martelar com mais força na cabeça das mulheres que participaram da primeira edição da Marcha das Vadias de Brasília, em junho do ano passado. A Marcha passou (trazendo ótimos resultados, é bom lembrar), mas os questionamentos ficaram e foi preciso dar continuidade ao debate. Dessa necessidade surgiu o Coletivo Marcha das Vadias, um movimento que além de organizar uma nova edição da manifestação no dia 26 de maio, também produziu uma interessante campanha para divulgá-la.

“Feminista por quê?” essa é a pergunta sobre a qual as 44 fotografias do trabalho buscam refletir. “Nossa inspiração foi uma campanha mexicana que abordava a violência contra a mulher. Mas, percebemos que essa campanha tinha alguns problemas. Um deles é que só fotografaram mulheres brancas, apesar de o México possuir indígenas e negros na constituição de sua população. Resolvemos ampliar essa diversidade”, comenta Mel Gallo, integrante do coletivo.

Mulheres brancas, negras, jovens, maduras, sorridentes, sérias, mães, filhas, enfim, mulheres de todos os jeitos posaram para responder a essa pergunta a partir de diferentes pontos de vista, que são expressos por frases que acompanham as fotos. Liberdade sexual, padrão de beleza, violência contra a mulher, igualdade salarial são alguns dos temas abordados. Homens também participaram do ensaio, para demonstrar o seu apoio ao movimento.

“As fotos são uma tentativa simples e direta de mostrar o que é o feminismo para gente. Sabemos que existem vários feminismos e que não abarcamos todos eles. Mas também sabemos que existe uma imagem pejorativa sobre esse termo, uma ideia de que feminista odeia homem e outras distorções. Essa é uma tentativa de desmistificar isso”, explica Bruna Seixas,outra integrante do coletivo. As fotógrafas Mel Gallo, Rayane Noronha, Lara Ovidio, Julia Zamboni, Leila Saads, Carol Matias e Lívia Mota; são todas integrantes do Coletivo Marcha das Vadias.

As fotografias já começaram a ser divulgadas nas redes sociais. Todos os dias, até a data da Marcha, serão divulgadas novas imagens. “A campanha tem tido bastante retorno. Muita gente apoia e algumas criticam. Mas isso é muito normal nesse processo de ressignificação do feminismo. Procuramos responder a todos”, afirma Mel. A Marcha das Vadias será no dia 26 de maio. A concentração será no Conic (ao lado do Conjunto Nacional), a partir das 13h. Quem quer se antecipar na discussão sobre o tema também pode assistir o filme “Marcha das Vadias”, realizado pelo Coletivo Muruá, que será exibido no Festival de Filmes Curtíssimos. A sessão será no dia 10 de maio, às 20h, no Museu Nacional.

Marcha das Vadias 

A Marcha das Vadias foi criada no ano de 2011, como resposta a uma palestra para a prevenção de estupro realizada na Universidade de Toronto, no Canadá. O policial que ministrava a palestra pediu que ”as mulheres evitassem se vestir como putas, para não serem vítimas (de estupro)”. As universitárias, indignadas com o comentário, organizaram a primeira Slut Walk (Marcha das Vadias). A luta logo se espalhou pelo mundo, afinal não é só no Canadá que as mulheres são culpabilizadas pela violência que sofrem.