noticias Publicado em 14 de abril de 2011

II Enamb – impressões políticas e pessoais

Do dia 30 de março a 2 de abril aconteceu, em Brasília, o II  Encontro Nacional da AMB (II Enamb). Com a participação de mais de 700 mulheres, de 24 estados brasileiros, discutiu-se a atuação da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB) e foi produzida uma série de recomendações para o Comitê Político da AMB. Érica, do Grupo Transas do Corpo, esteve lá e traz as suas apreciações do encontro:

 

 

Ao fazer a mala para ir ao Enamb, achei uma caderneta esquecida, presente de um amigo, e pensei: vou escrever um diário do encontro, um relato político escrito de forma pessoal, nada mais feminista! Escrevi relatos das discussões, das plenárias, os gritos de guerra, pensamentos que me ocorriam, observações sobre o que via, sentia e lembrava. E não é que me roubaram esta caderneta durante a festa, no penúltimo dia do encontro?

Mudanças de planos. Sem o meu apoio escrito, conto apenas com a memória para escrever. Memória que trai e que acrescenta. Desde que voltei, penso em como começar a falar do encontro e, em todas as vezes, a primeira palavra/imagem que me vem é colorido; além da diversidade étnica/racial, regional, etária, de sexualidades, havia um colorido literal em cada mulher e em todas nós em conjunto (e o chapéu-doido da AMB deu um toque final, risos). Essa primeira impressão não foi falsa, pois foi essa diversidade que marcou o encontro. Pensar e discutir coletivamente questões específicas e comuns das mulheres brasileiras é um exercício difícil, requer pensar as diferenças, sobretudo – e, por isso, um exercício tão rico! Houve, inclusive, um dia só para a discussão dessas intersecções no feminismo, as lutas antirracistas, anticapitalistas e antipatriarcais, um espaço em que refletimos os limites, as possibilidades e estratégias do feminismos – sim, no plural, frente à essa multiplicidade não há como dizer que há UM movimento feminista e, creio, que a perspectiva de feminismos múltiplos possibilita uma articulação melhor.

Outro ponto forte do encontro foi a eleição da primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Rousseff, apresentando um novo contexto para o feminismo. O caráter político, no sentido de política de governo, foi muito presente nas discussões e muito se debateu sobre políticas públicas e sobre a laicidade do Estado. E, nesses aspectos, a briga é grande, pois a bancada conservadora no congresso também é.

Por fim, não posso deixar passar em branco a oficina de percussão que fiz com o Grupo Tambores de Safo, de Fortaleza. Pulsar os feminismos com alfaias e caixas de guerra num maracatu cearense e feminista foi uma experiência excitante! Até nos apresentamos na festa de sábado, um luxo! Fazer feminismo com música e irreverência é mais uma marca do feminismo, tão possível e tão aberto! A festa foi mais um capítulo colorido, pena que perdi minha caderneta…

 

* Não consegui tirar boas fotos, estou aguardando a amiga Débora (fotógrafa profissional) me enviar.

 

** Veja mais sobre o II ENAMB nos vídeos do site do Grupo Transas do Corpo e/ou no site do encontro: www.articulacaodemulheres.org.br

30anos
Grupo Transas do Corpo
Ações educativas em gênero,
saúde e sexualidade.